"O homem que tinha dado a ela (Madre Teresa) sua fama inicial era um distinto mas bastante tolo evangélico (posteriormente católico) britânico chamado Malcolm Muggeridge. Foi seu documentário para a BBC, Something Beautiful for God, que lançou a marca Madre Teresa no mundo em 1969. O cinegrafista desse filme era um homem chamado Ken Macmillan, que tinha sido muito elogiado por seu trabalho na grande série sobre história da Arte de lorde Clarck, Civilisation. Seu conhecimento de luz e cor era de nível superior. Eis a história como foi contada por Muggeridge no livro que acompanhou o filme:
O Lar dos Moribundos [de Madre Teresa] é mal iluminado por janelas estreitas colocadas bem no alto das paredes, e Ken [Macmillan] estava irredutível em que era impossível filmar ali. Nós só tínhamos uma pequena luz conosco, e era quase impossível iluminar adequadamente o local no tempo que tínhamos a nossa disposição. Eu tinha decidido que ainda sim Ken deveria tentar, mas, como garantia, também fizemos algumas tomadas no jardim externo onde alguns internos tomavam sol. Depois da revelação do filme, a parte feita internamente era banhada em uma luz suave particularmente bela, enquanto a parte feita no exterior estava bastante apagada e confusa. (...) Eu mesmo estou absolutamente convencido de que a luz tecnicamente inexplicável é na verdade a Luz Benigna à qual o cardeal Newman se refere em seu bem conhecido e primoroso hino.
Ele concluiu que:
Exatamente para isso existem os milagres - para revelar a realidade interna da criação externa de Deus. Estou pessoalmente convencido de que Ken registrou o primeiro verdadeiro milagre fotográfico. (...) Temo ter falado e escrito sobre isso até o ponto do tédio.
Ele com certeza tinha razão na última frase: ao concluir ele tinha transformado Madre Teresa em uma personagem de fama mundial. Minha contribuição foi conferir e publicar o depoimento verbal direto de Ken Macmillan, o próprio cinegrafista. Ei-lo aqui:
Durante Something Beautiful for God houve um episódio em que fomos levados para um prédio que Madre Teresa chamava de Lar dos Moribundos. Peter Chafer, o diretor, disse: "Bem, está muito escuro aqui. Você acha que consegue alguma coisa?" E na BBC nós tínhamos acabado de receber um lote de novos filmes produzidos pela KODAK que não tínhamos podido testar antes de partir, então eu disse a Peter: "Bem, podemos muito bem tentar." Então filmamos. E quando retornamos, várias semanas mais tarde, um ou dois meses depois, estávamos sentado na sala do copião nos Ealing Studios e apareceram as tomadas do Lar dos Moribundos. E foi surpreendente. Era possível ver todos os detalhes. E eu disse: "Isso é impressionante. É extraordinário." E eu ia dizer, você sabe, "parabéns para a KODAK." Mas eu não tive a oportunidade de dizer isso porque Malcolm, que estava sentado na primeira fila, se virou e disse: "É a luz divina! É Madre Teresa. Você irá descobrir que é a luz divina, garotão." E três ou quatro dias depois eu me vi recebendo telefonemas de repórteres de jornais de Londres dizendo coisas como: "Soubemos que você acabou de voltar da Índia com Malcolm Muggeridge e que você testemunhou um milagre."
do livro "deus não é grande - como a religião envenena tudo", de Christopher Hitchens.
O Lar dos Moribundos [de Madre Teresa] é mal iluminado por janelas estreitas colocadas bem no alto das paredes, e Ken [Macmillan] estava irredutível em que era impossível filmar ali. Nós só tínhamos uma pequena luz conosco, e era quase impossível iluminar adequadamente o local no tempo que tínhamos a nossa disposição. Eu tinha decidido que ainda sim Ken deveria tentar, mas, como garantia, também fizemos algumas tomadas no jardim externo onde alguns internos tomavam sol. Depois da revelação do filme, a parte feita internamente era banhada em uma luz suave particularmente bela, enquanto a parte feita no exterior estava bastante apagada e confusa. (...) Eu mesmo estou absolutamente convencido de que a luz tecnicamente inexplicável é na verdade a Luz Benigna à qual o cardeal Newman se refere em seu bem conhecido e primoroso hino.
Ele concluiu que:
Exatamente para isso existem os milagres - para revelar a realidade interna da criação externa de Deus. Estou pessoalmente convencido de que Ken registrou o primeiro verdadeiro milagre fotográfico. (...) Temo ter falado e escrito sobre isso até o ponto do tédio.
Ele com certeza tinha razão na última frase: ao concluir ele tinha transformado Madre Teresa em uma personagem de fama mundial. Minha contribuição foi conferir e publicar o depoimento verbal direto de Ken Macmillan, o próprio cinegrafista. Ei-lo aqui:
Durante Something Beautiful for God houve um episódio em que fomos levados para um prédio que Madre Teresa chamava de Lar dos Moribundos. Peter Chafer, o diretor, disse: "Bem, está muito escuro aqui. Você acha que consegue alguma coisa?" E na BBC nós tínhamos acabado de receber um lote de novos filmes produzidos pela KODAK que não tínhamos podido testar antes de partir, então eu disse a Peter: "Bem, podemos muito bem tentar." Então filmamos. E quando retornamos, várias semanas mais tarde, um ou dois meses depois, estávamos sentado na sala do copião nos Ealing Studios e apareceram as tomadas do Lar dos Moribundos. E foi surpreendente. Era possível ver todos os detalhes. E eu disse: "Isso é impressionante. É extraordinário." E eu ia dizer, você sabe, "parabéns para a KODAK." Mas eu não tive a oportunidade de dizer isso porque Malcolm, que estava sentado na primeira fila, se virou e disse: "É a luz divina! É Madre Teresa. Você irá descobrir que é a luz divina, garotão." E três ou quatro dias depois eu me vi recebendo telefonemas de repórteres de jornais de Londres dizendo coisas como: "Soubemos que você acabou de voltar da Índia com Malcolm Muggeridge e que você testemunhou um milagre."
do livro "deus não é grande - como a religião envenena tudo", de Christopher Hitchens.
2 comentários:
Aí dá pra notar como cada ser humano interpreta cada fato de diferentes formas... De repente o inventor do filme realmente concorde:
"Sim, esse filme kodak é um milagre."
E se ele mesmo fez, seria ele Deus?
Conheci recentemente, na faculdade, um cara que leu a bíblia inteira. Tanto a católica, como de outras religiões. Nunca havia conhecido ninguém que tivesse feito isso. Ele me disse algo que achei interessante: "Continuo acreditando e respeitando Deus, mas simplesmente não dá pra acreditar em nenhuma religião".
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