domingo, 30 de agosto de 2009

ponto. morto.

Era um dia de julho. Desses quentes, com aquecimento global e tudo mais. Sentia o suor escorrendo pela têmpora. Parado no trânsito. Pensando em você. É só o que eu faço. Engata primeira, anda um pouquinho, pára, ponto-morto. Pensando em você. Pensando no que eu queria que você me dissesse. Sonhava acordado. Te via ao meu lado, dizendo o que eu queria ouvir. Sentia um calor dentro de mim, não era do aquecimento global. Era meu. Subia pela espinha. Entorpecia todo meu corpo. E eu sorria sozinho. O sinal ficava verde. O sonho acabava. Engata primeira, anda um pouquinho, pára, ponto-morto. Pego o celular, ninguém me ligou. Vejo as horas. Me pergunto aonde você pode estar agora. Te vejo de novo. Pegando o celular e ligando pra mim, mesmo ocupada, só pra dizer o que eu queria ouvir. O calor volta. Sobe a espinha. Eu sorrio. Abro o celular. Um sentimento de esperança me invade. Ligo. Toca. Ninguém atende. Já imaginava. O trânsito anda. Engata primeira, anda um pouquinho, pára, ponto-morto. Guardo o celular no bolso. Sonho de novo. Você vê uma ligação não atendida. Liga imediatamente de volta só pra falar o que eu quero ouvir. Me entorpece. Sorrio. Um carro buzina. Engata primeira, anda um pouquinho, pára, ponto-morto.
Chego em casa. Lavo as mãos. Vou pra cozinha. A água esquenta. O pó é filtrado. O café é feito. Vejo você. Imagino tomando um café, também. Pensando em mim. O celular toca. Agora é pra valer. Atendo. Ela fala. Eu respondo. Não é o que eu queria ouvir. É rápido. Seco. Só um aviso. Nos falamos amanhã. E eu fico assim. Ponto. Morto.

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