A discussão vai longe. Mas a pergunta é pertinente. Os grandes jornais e revistas defenderam publicamente a não obrigatoriedade, mas existem aqueles que defendem.
No Observatório da Imprensa, Alberto Dines questionou "quem contrataria o juiz Gilmar Mendes para dirigir um jornal?" e defendeu a obrigatoriedade do diploma. Disse ele que "este Observador jamais contrataria o ministro Gilmar Mendes para dirigir qualquer veículo jornalístico apesar do seu imbatível curriculum jurídico. Mas entregaria o seu hipotético jornal a um profissional diplomado em jornalismo, de preferência com uma pós-graduação profissionalizante, pelo menos 25 anos de experiência em redações e, principalmente, capacitado para assumir o papel de mediador, questionador e agente das transformações.". Muito bonito. Mas quem é inteligente não se limita a ver somente o diploma. Experiência é fundamental. E até este ano, para se obter experiência na área, somente com diploma. O que Dines falou era o correto até pouco tempo atrás, agora, sem a obrigatoriedade, aquele que possui experiência de 25 ou mais, em redações, capacitado para assumir o papel de mediador, questionador e agente de transformações, sem diploma, pode enviar seu curriculum e ter a mesma oportunidade que o diplomado. Quero dizer, isso é o que eu acho. Mas se quem está contratando possui a mesma mentalidade que Dines, o experiente sem diploma está fadado ao desemprego.
Em outra parte do texto, Dines diz "O ministro, porém, ignora que sem jornalismo e sem jornalistas os historiadores teriam que inventar fatos. Ou contentar-se com documentos áridos, insossos, muitas vezes truncados e às vezes manipulados para parecerem verdadeiros. A história moderna, a crônica dos últimos 400 anos, deve muito aos profissionais do jornalismo."
Vale lembrar que o primeiro congresso de jornalistas foi em 1918. Em 1938 houve a primeira regulamentação da profissão. Em 1947 foi fundada a Faculdade Cásper Líbero - a primeira faculdade de jornalismo do Brasil.
Em 1808 foi fundado o primeiro jornal do Brasil, o Correio Braziliense, em terras britânicas. Hipólito José da Costa criou o Correio Braziliense exilado na Inglaterra, em 1808, sem diploma.
Vlado trabalhou n'O Estado de S. Paulo, três anos na BBC de Londres. Na década de 70 tornou-se diretor do departamento de telejornalismo da TV Cultura. Em 25 de outubro de 1975, Wladimir Herzog foi encontrado morto após ser torturado no DOI-CODI. Wladimir não tinha diploma de jornalismo.
Demetrio Giuliano Gianni Carta entrou no curso de Direito da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, cursou os primeiros anos e abandonou. Nunca se formou. Mino Carta - como é conhecido - dirigiu equipes de criação de algumas importantes publicações do país, como a Quatro Rodas, Jornal da Tarde, Revista Veja, IstoÉ e Carta Capital. Em 2006 ganhou o prêmio Jornalista Brasileiro de Maior Destaque no Ano da Associação dos Correspondentes da Imprensa Estrangeira no Brasil (ACIE). Mino Carta não possui diploma de jornalismo.
Em 1960 ele acompanhou a inauguração de Brasília, e nos 10 anos seguintes manteve-se por lá para noticiar sobre o Congresso. Passou pelo Correio da Manhã, Folha de S. Paulo, Revista Veja, Jornal do Brasil e IstoÉ. Em 1987 criou a Superinteressante e a dirigiu por 8 anos. Em 2002 escreveu o livro "Idiotas & Demagogos - Pequeno Manual de Instruções da Democracia". Almyr Gajardoni - meu pai - não possui diploma de jornalismo.
Em 1965 ele entrou para o grupo Bloch e escreveu na extinta Revista Manchete. Em 1968 tornou-se correspondente do grupo em Nova York. Em 1975 foi contratado pela Rede Globo e foi correspondente internacional de 1985 até 1990. Em 1993 criou o programa Manhattan Connection no canal a cabo GNT em que é apresentador até hoje. Além disso, Lucas Mendes possui uma coluna periódica com a BBC. Lucas Mendes não possui diploma de jornalismo.
Em seus mais de 50 anos de carreira, dirigiu e lançou diversas revistas e jornais no Brasil e em Portugal. Leciona jornalismo desde 1963, e, em 1974, foi professor visitante da Escola de Jornalismo da Universidade de Columbia, Nova York. Foi editor-chefe do Jornal do Brasil durante 12 anos e diretor da sucursal da Folha de São Paulo no Rio de Janeiro. Dirigiu o Grupo Abril em Portugal, onde lançou a revista Exame. Depois de anos driblando a ditadura à frente do Jornal do Brasil, foi demitido em junho de 2004 justamente por publicar um artigo que contrariava a direção do jornal, ao criticar a relação amistosa de seus donos com o governo do estado do Rio de Janeiro. Criou o site Observatório da Imprensa, o primeiro periódico de acompanhamento da mídia, que conta atualmente com versões no rádio e na TV.Atualmente é pesquisador sênior do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Unicamp, onde foi co-fundador. Alberto Dines, pasme, não possui diploma de jornalismo.
E então, onde estão os bons jornalistas diplomados?
No Observatório da Imprensa, Alberto Dines questionou "quem contrataria o juiz Gilmar Mendes para dirigir um jornal?" e defendeu a obrigatoriedade do diploma. Disse ele que "este Observador jamais contrataria o ministro Gilmar Mendes para dirigir qualquer veículo jornalístico apesar do seu imbatível curriculum jurídico. Mas entregaria o seu hipotético jornal a um profissional diplomado em jornalismo, de preferência com uma pós-graduação profissionalizante, pelo menos 25 anos de experiência em redações e, principalmente, capacitado para assumir o papel de mediador, questionador e agente das transformações.". Muito bonito. Mas quem é inteligente não se limita a ver somente o diploma. Experiência é fundamental. E até este ano, para se obter experiência na área, somente com diploma. O que Dines falou era o correto até pouco tempo atrás, agora, sem a obrigatoriedade, aquele que possui experiência de 25 ou mais, em redações, capacitado para assumir o papel de mediador, questionador e agente de transformações, sem diploma, pode enviar seu curriculum e ter a mesma oportunidade que o diplomado. Quero dizer, isso é o que eu acho. Mas se quem está contratando possui a mesma mentalidade que Dines, o experiente sem diploma está fadado ao desemprego.
Em outra parte do texto, Dines diz "O ministro, porém, ignora que sem jornalismo e sem jornalistas os historiadores teriam que inventar fatos. Ou contentar-se com documentos áridos, insossos, muitas vezes truncados e às vezes manipulados para parecerem verdadeiros. A história moderna, a crônica dos últimos 400 anos, deve muito aos profissionais do jornalismo."
Vale lembrar que o primeiro congresso de jornalistas foi em 1918. Em 1938 houve a primeira regulamentação da profissão. Em 1947 foi fundada a Faculdade Cásper Líbero - a primeira faculdade de jornalismo do Brasil.
Em 1808 foi fundado o primeiro jornal do Brasil, o Correio Braziliense, em terras britânicas. Hipólito José da Costa criou o Correio Braziliense exilado na Inglaterra, em 1808, sem diploma.
Vlado trabalhou n'O Estado de S. Paulo, três anos na BBC de Londres. Na década de 70 tornou-se diretor do departamento de telejornalismo da TV Cultura. Em 25 de outubro de 1975, Wladimir Herzog foi encontrado morto após ser torturado no DOI-CODI. Wladimir não tinha diploma de jornalismo.
Demetrio Giuliano Gianni Carta entrou no curso de Direito da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, cursou os primeiros anos e abandonou. Nunca se formou. Mino Carta - como é conhecido - dirigiu equipes de criação de algumas importantes publicações do país, como a Quatro Rodas, Jornal da Tarde, Revista Veja, IstoÉ e Carta Capital. Em 2006 ganhou o prêmio Jornalista Brasileiro de Maior Destaque no Ano da Associação dos Correspondentes da Imprensa Estrangeira no Brasil (ACIE). Mino Carta não possui diploma de jornalismo.
Em 1960 ele acompanhou a inauguração de Brasília, e nos 10 anos seguintes manteve-se por lá para noticiar sobre o Congresso. Passou pelo Correio da Manhã, Folha de S. Paulo, Revista Veja, Jornal do Brasil e IstoÉ. Em 1987 criou a Superinteressante e a dirigiu por 8 anos. Em 2002 escreveu o livro "Idiotas & Demagogos - Pequeno Manual de Instruções da Democracia". Almyr Gajardoni - meu pai - não possui diploma de jornalismo.
Em 1965 ele entrou para o grupo Bloch e escreveu na extinta Revista Manchete. Em 1968 tornou-se correspondente do grupo em Nova York. Em 1975 foi contratado pela Rede Globo e foi correspondente internacional de 1985 até 1990. Em 1993 criou o programa Manhattan Connection no canal a cabo GNT em que é apresentador até hoje. Além disso, Lucas Mendes possui uma coluna periódica com a BBC. Lucas Mendes não possui diploma de jornalismo.
Em seus mais de 50 anos de carreira, dirigiu e lançou diversas revistas e jornais no Brasil e em Portugal. Leciona jornalismo desde 1963, e, em 1974, foi professor visitante da Escola de Jornalismo da Universidade de Columbia, Nova York. Foi editor-chefe do Jornal do Brasil durante 12 anos e diretor da sucursal da Folha de São Paulo no Rio de Janeiro. Dirigiu o Grupo Abril em Portugal, onde lançou a revista Exame. Depois de anos driblando a ditadura à frente do Jornal do Brasil, foi demitido em junho de 2004 justamente por publicar um artigo que contrariava a direção do jornal, ao criticar a relação amistosa de seus donos com o governo do estado do Rio de Janeiro. Criou o site Observatório da Imprensa, o primeiro periódico de acompanhamento da mídia, que conta atualmente com versões no rádio e na TV.Atualmente é pesquisador sênior do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Unicamp, onde foi co-fundador. Alberto Dines, pasme, não possui diploma de jornalismo.
E então, onde estão os bons jornalistas diplomados?
3 comentários:
To aqui!!! heheheheh... brincadeira! Mas eu chego lá!
"O ministro, porém, ignora que sem jornalismo e sem jornalistas os historiadores teriam que inventar fatos. Ou contentar-se com documentos áridos, insossos, muitas vezes truncados e às vezes manipulados para parecerem verdadeiros. A história moderna, a crônica dos últimos 400 anos, deve muito aos profissionais do jornalismo."
Puta que pariu... Como historiador eu fico enfurecido de ler algo assim. Tantos erros que nem sei por onde começar...
Historiadores jamais inventam fatos, historiadores não dependem de jornais, historiadores não dependem de registros oficiais, historiadores não dependem de documentos escritos.
Historiadores aprendem a lidar com documentos áridos, insossos, muitas vezes truncados e às vezes manipulados.
Todo esse tipo de informação é observada. A mentira é um ótimo instrumento de estudo.
E 400 anos?? Há 400 anos, poucas eram as profissões regularizadas.
Há 400 anos, sequer existia salário, direitos trabalhistas.
Sinto vergonha pela pessoa que escreveu isso.
E a História moderna não deve porra nenhuma.
A História não depende do jornalismo. A história é feita muito antes dessa profissão existir.
E esse ingrato é um merda.
Um merda por tudo o que falou e pelo que defende.
Diploma é só pra filtrar um pouco melhor a qualidade do profissional. Não o 'diploma' mesmo, mas o que o sujeito aprendeu estudando. Fato é que hoje em dia tira-se um diploma em qualquer Faculdades Fundo de Quintal, e, nesse caso, é melhor um sujeito que estudou sozinho pra alguma coisa. Tinhamos conversado sobre isso aquele dia, mas é difícil definir exatamente como a coisa funciona. Existem tipos diferentes de profissões. Como meu primo Vinícius dizia, "tem que ser macho pra ser engenheiro ou médico, porque um erro do cara pode matar pessoas. Todas as outras profissões são para cagões.". Em partes, até que faz sentido.
Do mesmo jeito que tem cara bom sem diploma e cara ruim com diploma, o inverso é ainda mais comum. Mas varia muito de cada profissão, acredito eu. E da vontade do cara de fazer a coisa certa.
O diploma é uma grande ajuda pra evitar que pessoas sem capacidade roubem o lugar de um mais capacitado, por se vender mais barato para um público que não entende muito sobre qualidade (por exemplo, ergonomia em um projeto de desenho industrial, onde parece o mesmo por muito menos, mas é prejudicial em longo prazo).
É... É definitivamente um assunto que eu gostaria de moer mais...
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