sexta-feira, 7 de março de 2008

Jerry was a race car driver trapped in the traffic

Em 1904 havia aproximadamente 55 mil veículos no mundo inteiro. Hoje existem 1 bilhão. Em São Paulo chegamos aos 6 milhões. Ano passado foram vendidos 30 milhões de veículos em países emergentes, no Brasil foram vendidos 3 milhões, ou 10% de todos os veículos vendidos. Há carros demais e ruas de menos.

Se você passa pelo menos duas horas no trânsito por dia, de segunda a sexta (isso se você tiver sorte), isso quer dizer que você fica 1 dia e meio parado no trânsito por mês. Se aumentarmos isso para um ano, você passa 20 dias parado no trânsito. Se você viver até os 80 anos, você perdeu mais de 4 anos da sua vida no trânsito. Isso se você sempre perder 2 horas no trânsito, o que, pelo que percebemos, irá piorar progressivamente.

Um carro ocupa em média, uma área de pouco mais de 6m² (tomando como base as dimensões do Palio), 6 x 1 bilhão = 6 bilhões de m². A Terra possui 149 milhões de km² de terra firme, ou seja, os carros no mundo ocupam 6 milhões de km² já, isso representa 4% de toda a área terrestre. Considerando que existem muitas áreas inabitáveis, a área habitada é menor que a área total de terra firme no mundo, sendo assim, 6 milhões de km² é algo realmente assustador. Dá quase pra cobrir o Brasil inteiro com carros.

Com tanto carro no mundo, a maior preocupação, sem dúvida, é a poluição. Atualmente temos avançado bem na tecnologia de combustíveis alternativos e não poluentes. O Brasil ainda é um atraso, mas finalmente começou a produzir biodiesel. Na antiga Alemanha Oriental o biodiesel já era um velho conhecido. Nos Estados Unidos existem muitos produtores particulares de biodiesel.

O primeiro carro elétrico do mundo foi fabricado em 1837, em 1881 foi fabricado o primeiro carro elétrico comercial e em 1888 Londres já tinha ônibus elétricos circulando nas ruas. Carro elétrico não é uma novidade, só falta vontade e coragem dos fabricantes em desenvolverem mais carros elétricos, ao invés de se renderem à indústria do petróleo como sempre fizeram...

O EV1 foi o primeiro carro elétrico da GM, fabricado nos anos 90, e foi um grande BOOM nos Estados Unidos. Mas a indústria do petróleo não viu com bons olhos esse carro e resolveu boicotar a GM, que por sua vez, foi obrigada a encerrar a produção do veículo prematuramente. Pra não ficarem com uma imagem ruim, desenvolveram os híbridos, que andam tanto com eletricade quanto gasolina. O problema do híbrido é que a escolha de qual combustível usar independe do motorista, quem faz a mudança é o carro automaticamente de acordo com as condições que o carro encontra. Mas a Califórnia, onde o EV1 foi um grande sucesso, conseguiu uma vitória: quem tem um carro híbrido pode retirar o chip que controla a escolha de combustível, passando a escolha para o motorista através de um botão no painel, assim, quem quiser andar somente com eletricidade, tem a opção. Ano passado foi feito um documentário sobre o EV1, chamado Who killed the electric car?, que mostra toda a trajetória desse carro nos Estados Unidos e toda a sujeira feita para encerrar sua produção. No Brasil, a FIAT está desenvolvendo uma versão elétrica do Palio. Um protótipo dele foi mostrado no Salão do Automóvel 2006.

Além da poluição, outro problema que já citei é o da falta de espaço. O trânsito atormenta nossas vidas atualmente. E a tendência é piorar. São Paulo possui 16.000 km de ruas asfaltadas para 6 milhões de carros circularem diariamente. Se colocarmos os 6 milhões de carros em fila, teremos 24.000 km de carros, se considerarmos que São Paulo recebe diariamente muita gente que vem de outras cidades, além de ter 10 mil ônibus circulando diariamente, o espaço disponível é pouco. Em São Paulo está em vigor desde 2000 o rodízio de veículos, que proíbe a circulação de veículos de determinado final de placa, no chamado Centro Expandido, por algumas horas do dia. A idéia veio do México, mas lá foi usada para tentar reduzir a poluição. Agora estudam a possibilidade de criar pedágios urbanos, para reduzir a circulação de veículos em determinadas áreas da cidade. Essa idéia já é aplicada em Londres, e Nova York provavelmente será outra que adotará a idéia.

Mas o rodízio de veículos não é uma idéia nova. Já na Roma antiga existia o controle do número de carros com tração animal a circular nas ruas, principalmente no centro da cidade. Além disso, foram os romanos, também, que criaram a faixa de pedestre.

São Paulo necessita urgentemente de mais transporte público de qualidade. Para a terceira maior metrópole do mundo, possuir apenas 61km de metrô é algo inacreditável.

Seinfeld disse, ainda em 1991, "eu acho que o último teste psicológico do trânsito é a parada total. E você olha pro chão e vê chiclete grudado. E nós sabemos que no futuro o trânsito só irá piorar. Quero dizer, o que irá acontecer? Será que vamos começar a andar de ré? Será que é possível?". Estamos quase lá, Jerry!

2 comentários:

  1. Fato: A média de novos veículos que entram na frota de SP (veículos lacrados pela primeira vez no estado menos veículos que saem oficialmente de circulação) é de 1.000 por dia. São 365.000 veículos a mais por ano.
    Mas a solução não é proibir de rodar por algum dia (e não abater esse tempo do imposto) nem pedagiar (violação da constituição de 88). É todo o lance do transporte público, mesmo. Metrô é a melhor solução, e bicicleta pública, como é na China e na Dinamarca. E, claro, convencer o público de que é necessário.
    No aspecto da puluição, muito se fala de carros movidos com hidrogênio, e como isso é uma estupidez, consumir água, um dos maiores patrimônios da Terra, para movimentar veículos. A verdade é que já foi criado um motor que funcionava com água de qualquer espécie, e o único gás que saia do escape é o vapor de água. Funcionava com água suja, por exemplo, e limpava essa água, devolvendo para o meio ambiente. Não demorou muito para o projeto sumir, junto do seu criador.
    O futuro da energia ainda é nuclear, para pequenos geradores.
    Como diria Thom Yorke, "the more you drive, the less intelligent you get".

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  2. É uma questão de tempo para que as novas tecnologias concretizem o medo corporativo dos carros não poluentes, baratos e práticos!

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