terça-feira, 6 de novembro de 2007

Raízes do Fanatismo - Heavy Metal

A primeira vez que ouvi um disco de heavy metal foi há muito tempo, creio que em 1990, ou 1991. Tenho guardado na memória uma pequena cena de minha infância: eu, brincando no balanço da escola, tentando cantar Paradise City do Guns n' Roses, era 1991 e eu estava no Pré, completaria 7 anos de idade em outubro daquele ano. Foi influência do meu irmão, ele já ouvia isso, e naquela época ele só estava na terceira série. Foi influência também de nosso vizinho, Flávio, que era (ainda deve ser) fã de Iron Maiden, entre outras bandas. Em 1992 comprei meu primeiro disco de Heavy Metal, pasmem todos, o Black Album do Metallica. Não vou mentir pra vocês e dizer que a partir daquele dia eu me tornei fã da banda. Não. Até 1996 eu não dava muita importância pra isso, ainda mais porque eu não entendia nada de inglês. Foi em 1997 que eu comecei a me interessar pelo estilo, e, como a grande maioria, eu caí numa teia fundamentalista grotesca.
Diferente da religião, que prega o separatismo, o ódio, a intolerância... O Heavy Metal não prega nada, mas seus fãs, por alguma necessidade social, criam dogmas horripilantes. Assim como todas as religiões, o fã de Heavy Metal adota uma postura de superioridade sobre todas as outras pessoas que não ouvem Heavy Metal. Da mesma forma que um cristão seria morto caso ele proferisse frases pró-Cristianismo dentro de uma Mesquita, um fã de qualquer outro estilo seria reprimido no meio de uma maioria 'metaleira'.
Muitos vão discordar de mim, dizendo que não agem assim, e acho isso ótimo, mas digo tudo isso por experiência própria. Quando fui mais fundo no Metal, quando fiz parte de um zine, de uma banda underground, vi muito do que estou falando aqui. E aí, quando vi toda essa palhaçada, minha forma de criticar foi usando o humor. Então, no Orkut, comecei a criar comunidades como "Odeio Heavy Metal", "Odeio Metal Melódico", "Odeio Metaleiro". Havia vida inteligente nessas comunidades, havia discussões válidas e interessantes, mas havia uma grande maioria fundamentalista que simplesmente entrava para vomitar frases feitas e ameaças. Meu último ato crítico usando humor foi um vídeo-paródia que fiz do Pantera. Peguei imagens do show da banda no Monsters of Rock de Moscou, em 1991, e como áudio usei a versão de Fucking Hostile que a banda Carnival In Coal fez, usando mambo, salsa e merengue, ao invés do Thrash Metal violento original. Pessoalmente acho essa versão maravilhosa, mas muitos 'metaleiros' não. Alguns chegaram ao ponto de desejar minha morte por acharem que eu estou desrespeitando Dimebag Darrell. Há comentários como "Espero que você queime num fogo realmente quente. Espero que você morra uma morte incrivelmente dolorosa, seu tôlo bastardo", "Delete esta merda, isto é uma tremenda falta de respeito com Dimebag", "Eu espero que eu te encontre em algum lugar e foder o seu rabo, sua bicha", "Faça outro vídeo como esse e eu mesmo te mato". Claro, não há somente comentários de repúdio, há outros tantos que entenderam a brincadeira e riram do vídeo. Mas por quê há tanta gente intolerante nesse meio? Ainda há uma contradição hilariante nesse meio: a grande maioria que ouve Heavy Metal se diz "diferente" dos outros, se vestem diferente, pensam diferente, agem diferente... Mas se você reparar um grupo de 'metaleiros' verá que todos agem da mesma forma, se vestem da mesma forma e pensam da mesma forma. Tornam-se um rebanho refém deles mesmos sem saberem. E, obviamente, quando você começa a agir diferente, pensar diferente, vestir-se diferente mas continuar ouvindo Heavy Metal, você será reprimido. Eu, quando comecei a fazer piada do Metal, comecei a procurar novos estilos musicais para ouvir e logo fui tachado de poser por alguns. Sinceramente não consigo ver uma vantagem no extremismo ou na lealdade que muitos fãs despejam no estilo. Já conversei com pessoas que só ouvem discos de Heavy Metal lançados até 1989, porque, segundo eles, a década de 90 é muito "moderna".
Mas hoje eu vejo que o Heavy Metal está começando a ser visto apenas como um estilo musical qualquer e não como um estilo de vida pela maioria. Claro, sempre haverá aqueles que acham que devem viver pelo metal, lutar pelo metal e, se necessário, morrer pelo metal. Pergunto-me qual seria a opinião de uma pessoa que pensa dessa forma sobre homens-bomba muçulmanos que se explodem por Alá.

2 comentários:

Anônimo disse...

Bom cara..Acho que você nunca chegou ao metal inteligente!

Anônimo disse...

Aê cara, artigo excelente. Sem comentários. Curto metal, mas sinceramente, não essas invenções de moda tão comuns a ele, tipo essa extrema discriminação aos tachados "diferentes".
"Fight for the world, not for a religion or a music style. Be you, not others. Use your brain and your personality, never think "I am a sheep" be you, just you."