quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Raíz de meu ceticismo

Sou ateu. Nasci ateu. Fui criado ateu. Cresci ateu. E vou morrer ateu. Culpa dos meus pais. Eles também são ateus. Não nasceram, como eu, ateus. Meu pai, até certa idade, brincava de pregar a palavra como um pastor, no quintal de casa, lá em Biriguí. Minha mãe veio de uma típica família católica. Não sei ao certo quando houve a conversão dos dois, mas quando meu irmão nasceu, antes de mim, já eram ateus. Acho que meu pai foi decisivo nisso. Cresci cercado de livros científicos. Era a época em que ele criou a Superinteressante, então minha infância foi marcada por idas e vindas da redação da Superinteressante, livros e mais livros de Asimov, Carl Sagan, sobre Isaac Newton, Galileu, Darwin, documentários de Jaq Cousteau, Cosmos, Planeta Terra, etc... Não que eu lesse tudo isso quando moleque, não entendia nada dessas coisas. Aliás, lembro de muitas noites, antes de dormir, meu pai, meu irmão e eu lendo Monteiro Lobato, e outras noites jogando baralho.
Lembro que Deus nunca fez parte de uma conversa dentro de casa, nunca me levaram à igreja, muito menos fui batizado.
Me lembro brincando na escola, jogando futebol, quando alguém brincava de pedir pra Deus pra acertar o gol, eu sempre brincava que pra mim isso não adiantava nada. E isso era uma coisa que eu sempre soube. Eu sempre soube que sou ateu. Quando criança eu podia não saber muito do assunto, mas quando me perguntavam sobre religião respondia sempre "sou ateu".

Só fui procurar saber mais sobre religiões com meus 15 anos. Mas já era tarde demais para Deus. O ateísmo já estava impregnado em mim. Eu lia sobre as religiões e no fim sempre questionava o por quê de ter que seguir tais coisas, fazer tais coisas. Nunca nenhuma religião me convenceu. E fui além do bem e do mal. Fui atrás da Thelema, do Satanismo e Maçonaria, também. Foram crenças que me interessaram muito, mas tudo caía sempre na mesma pergunta: Por que? Nenhuma te diz por quê você deve fazer isso ou aquilo, simplesmente diz que deve ser feito. E meu ateísmo sempre me fez questionar isso, porque para tudo que eu aprendi na vida havia uma explicação, e não fazia - e não faz - o menor sentido pra mim aceitar uma coisa que eu não tenho certeza absoluta.

Hoje durmo cercado pelos livros do meu pai. E hoje leio todos eles, Carl Sagan, Isaac Asimov, sobre Darwin, Galileu, Newton, leio Dawkins, Hitchens, Nietzsche, Schopenhauer. Foi algo que ajudou a moldar minha personalidade.

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