sexta-feira, 6 de julho de 2007

Sonho #19

Meu peito dói.
Vai ver é ataque cardíaco.
Vou morrer.
Ouço vozes.
Eles não fazem sentido algum.
Fecho os olhos.
Me vejo por dentro.
É negro.
Sou vazio.
Sou ausente.
Não consigo respirar.
Meu pulmão dói.
Está inchado.
Vou morrer.
Tudo perdeu sua cor.
Agora só vejo o horror.
Me vejo numa estrada.
Com pregos quentes e enferrujados
Atravessando a carne da sola do meu pé.
Pego tétano.
Vou morrer.
Ele queima.
Ele sangra.
Ele vive.
Ele pulsa.
Sinto a dor.
Quero morrer.
A dor me alucina.
Eu a vejo.
Ela é bela.
Tão linda.
Seu cabelo em chamas.
A distância reclama.
A proximidade destoa.
Não tem cor.
Ela se vai.
Eu grito.
Eu berro.
Eu estouro minhas cordas vocais.
Eu suplico.
Eu imploro.
Eu vendo minha alma para Deus.
Tudo por ela.
Os pregos saem.
A dor aumenta.
Caio de joelhos.
Lágrima escorre.
Cuspo sangue.
Me sinto só.
Minha cabeça dói
É tumor.
Vou morrer.
Mancando eu vou.
Deixando um rastro de sangue e tétano.
O asfalto quente faz minha pele grudar.
A carne frita como bife acebolado.
Eu agonizo. Mas em silêncio.
O sol escaldante me cega.
Nada vejo.
Então eu a sinto.
Ela me abraça.
Diz que me ama.
Eu a beijo.
Ela retribui.
Ela deita sua cabeça em meu ombro.
Eu beijo sua cabeça.
Eu faço cafuné.
Ela diz que não quer me perder.
Eu digo que não vai.
Eu digo que não vou.
Ela adormece.

Eu acordo.

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